Após a infeção por SARS-COV2, em muitos dos casos, os sintomas persistem. Estamos perante uma nova condição, a Síndrome Pós-COVID, que se caracteriza pela persistência de sinais e sintomas que se desenvolvem durante ou após esta infeção e que continuam por mais de 12 semanas, não sendo explicados por um outro diagnóstico.
Sintomas como fadiga, perda de peso/massa muscular, sintomas depressivos, falta de ar, dores articulares e alterações cognitivas podem estar presentes nestes casos e uma adequada alimentação e nutrição podem ajudar, segundo um novo estudo de revisão.
O objetivo é controlar o estado inflamatório induzido pela infeção, corrigir/contornar a perda de peso e alterações de paladar, repor micronutrientes em défice e melhorar o processo imunológico.
Começar por adotar um padrão alimentar anti-inflamatório como a Dieta Mediterrânica, parece ser bastante efetivo. Priorizar as frutas e hortícolas (variados e coloridos), os cereais integrais, o azeite, frutos secos e carnes magras, é uma ótima base para melhoria da saúde física e até em termos cognitivos. Por outro lado, o consumo de alimentos processados ricos em gorduras saturadas, trans e açúcares, como o fast-food, refrigerantes ou doces, devem ser limitados pelo potencial inflamatório, assim como o álcool.
O reforço do consumo de fontes de ómega 3 como peixe gordo (sardinha, salmão, cavala, atum), sementes e frutos secos é também interessante pelo seu papel anti-inflamatório e neuro-modulador.
Antes de pensarmos em repor os nutrientes que possam estar em défice, é essencial atentar na função do intestino, dado que é através dele que ocorre toda a absorção de nutrientes mas também porque sabemos que a microbiota, o conjunto de micro-organismos presentes no nosso intestino, tem um papel na inflamação e imuno-modulação, essencial nesta fase.
Assegurar uma hidratação adequada – 30 mL/kg peso corporal – e reforçar o aporte de fibras através dos cereais integrais, aveia e sementes, e assegurar um bom consumo de frutas e hortícolas, como importantes pré-bióticos e fontes de antioxidantes e vitaminas, bem como o consumo de alimentos (e eventualmente suplementos) probióticos como o kefir e o iogurte, são cruciais para a saúde intestinal.
No casos de pacientes que perderam peso e massa muscular de forma significativa, importa adequar o consumo de proteína, seja através do consumo da carne, peixe, ovos e lacticínios, seja através de fontes de proteína vegetal como as leguminosas, é essencial, aliado ao treino de força (caso não haja contraindicação médica). Pode ainda ser viável a suplementação de proteína e/ou creatina para otimização dos resultados. Nestes casos, deve ainda ser aumentada a ingestão energética, através de alimentos com elevada densidade energética, como os frutos secos e manteigas feitas a partir dos mesmos, azeite, sementes, peixe gordo, abacate, etc.
Ainda assim, nos casos de indivíduos com excesso de peso e obesidade, o excesso de massa gorda deve ser reduzido de forma a minimizar o grau de inflamação.
Se possível, devem ser avaliados alguns micronutrientes através de análises sanguíneas como a Vitamina D, vitaminas do complexo B (como b9 e b12), magnésio, podendo ser necessária a sua suplementação para além do reforço alimentar.