Reabilitação da saúde pélvica – área que tem vindo a ter uma procura crescente em Vila Real
Saúde na mulher – o que é afinal?
Para falar da saúde da mulher temos que começar por falar do nosso períneo ou pavimento pélvico.
O nosso pavimento pélvico é o nosso “chão”, ele é formado por músculos, ligamentos e faixas e todos juntos formam uma base para a pélvis e para os órgãos pélvicos – útero, ovários, bexiga, entre outros que ocupam o seu lugar na cavidade pélvica.
O pavimento pélvico está localizado entre o osso púbico (anterior) e ao cóccix (posterior) e lá encontram-se três orifícios – uretra, vagina e ânus.
As funções do assoalho pélvico são variadas, tais como:
• sustentação dos órgãos pélvicos;
• mecanismos de continência;
• participação na função sexual;
• parto.
Existem diferenças anatómicas óbvias entre a pélvis feminina e a pélvis masculina, mas não é só na estrutura que elas diferem, também temos que valorizar as diferenças fisiológicas e hormonais.
Anatomicamente a pélvis da mulher é mais flexível e sensível do que a do homem e tem a forma de diamante, sendo que não há duas pélvis iguais. A vagina, que é a parte interna do órgão sexual feminino é um canal altamente elástico capaz de considerável distensão. São estas características que permitem à mulher o privilégio de engravidar e entrar em processo de parto.
Assim é muito comum que as mulheres, para cuidarem da sua saúde durante e após a gravidez recorram à Fisioterapia. Nos vários momentos da vida da mulher, a Fisioterapia ocupa um lugar importante na prevenção e tratamento de lesões ou complicações que possam ocorrer no período da gravidez ou no pós-parto. Existem também características anatómicas, fisiológicas ou de estilo de vida que podem propiciar disfunções.
Para tratarmos o nosso períneo é preciso ganhar a consciência que ele existe, pois culturalmente este tem sido muito negligenciado: por vergonha, por desconhecimento ou por falta de indicação para profissionais diferenciados.
- Ao longo da vida o períneo é sujeito a sobrecargas, apresentando indicação para intervenção em Fisioterapia em momentos bem definidos, tais como:
- gravidez e parto vaginal;
- ganho de peso excessivo;
- menopausa;
- envelhecimento;
- exercício físico com carga.
Existe também indicação para tratamento quando os músculos do períneo não estão a funcionar corretamente, apresentando variadas lesões: - prolapsos: quando os órgãos internos descaem,
- incontinência urinária e/ou fecal: pode ocorrer perda de urina ou fezes ao tossir, rir ou e esforço,
- dor no ato sexual,
- cicatriz /aderências dolorosas.
O tratamento do períneo depende de uma boa avaliação e após definida a sua disfunção e traçado o plano de reabilitação, tem que ser trabalhado como fazemos com qualquer outro músculo do nosso corpo.
Algumas das técnicas mais comuns que utilizamos na reabilitação perineal passam por técnicas manuais dos tecidos moles, como o tratamento miofascial ou massagem, normalização de pontos gatilho – que são pontos dolorosos e que podem impedir um relaxamento da musculatura pélvica, reforço muscular através de exercícios funcionais com recurso a eletroterapia com sonda (invasivo) ou com elétrodos não invasivos, aplicação de terapia laser para controlo de dor / aderências, entre outros que se justifiquem, já que cada mulher é única e não existem protocolos pré-definidos.
Para isso a mulher tem que ser um agente ativo na sua recuperação e saber onde fica o seu períneo, olhar, tocar e conhecê-lo. Tem também que ter a seu lado um profissional qualificado, como o fisioterapeuta especialista na Saúde da Mulher.
Por: Fisioterapeuta Susana Órfão e Fisioterapeuta Ana Guedes